sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Olavo e Stalin

Uma postagem de uma semana atrás onde Olavo ainda insiste em cogitar a hipótese da Terra ser plana.

Olavo de Carvalho disse em seu Facebook que “o esquerdismo é uma mutilação intelectual auto-imposta e, na maioria dos casos, incurável”. Muito bem, até concordo. Só que me ocorreu uma dúvida e, como Olavo foi comunista radical e filiado ao PCB, perguntei a ele se ele se curou - eu tenho certeza absoluta que não. É claro que ele não me respondeu. O silêncio é a resposta de praxe em quase todas as perguntas que o incomodam (isso quando ele não responde com uma meia dúzia de impropérios ou bloqueia de vez quem ousa inquiri-lo).

Vejam só. No stalinismo, notadamente no pós-guerra, nenhuma dimensão da existência humana podia ser admitida como sendo indiferente e todas estavam a serviço da política. Em cada caso - da política ao esporte, da filosofia à literatura, do cinema ao divertimento - não se reconhecia outra alternativa: quem não pertencia explícita e ativamente ao campo revolucionário e socialista, isto é, ao lado da União Soviética, situava-se, pelo menos objetivamente, no campo do inimigo, o do capitalismo explorador: o Mal. Desde a morte do profeta Maniqueu - filósofo persa do século III, que dividiu o mundo simplesmente entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo - o mundo não conhecia uma oposição doutrinária tão extremada entre o Bem e o Mal.

Posto isto, a minha certeza que Olavo não se “curou” do esquerdismo fica fácil de explicar e ainda mais fácil de ser constatada se alguém se der ao trabalho de acompanhar uma intriga dele com qualquer pessoa - ele vive de intrigas -, bastando observar que: 1) a argumentação dele sempre dá lugar a um ataque pessoal desqualificante; 2) tudo que o contradiz é considerado errado e quem o contradiz não é considerado como interlocutor, mas sim como um inimigo a ser eliminado, literalmente, e isso pode ser observado em qualquer discussão sobre qualquer assunto, seja político, científico, artistico, etc.. Ora, se isso não for o mais puro stalinismo, eu não sei o que é.

Ainda que seu discurso se assemelhe ao de um direitista empedernido, suas atitudes maniqueístas são a prova cabal do ranço comunista que Olavo carrega. Não é de admirar, até porque, se trata de uma personalidade egocêntrica doentia e instável - e lá se vão mais de 20 anos que o acompanho. O sujeito já foi comunista, astrólogo, dervixe (um tipo de islâmico sufista) e fundador de uma tariqa (confraria esotérica islâmica) no Brasil, filósofo auto-outorgado, professor idem sem diploma de magistério e hoje é um carola radical e místico capaz de defender o terraplanismo, afirmar que as músicas dos Beatles foram compostas por Theodor Adorno, dizer que Newton estava errado e que Einstein era um picareta plagiador de Poincaré.

E ainda tem muita gente que dá crédito total a ele...

Ricardo Froes