Estadão de Hoje
Pergunte a
um alemão ou holandês qualquer, desses que você pode encontrar em cada esquina
de primeiro mundo, o que ele acha da agricultura brasileira. Ou, então, faça a
mesma pergunta a essa menina sueca que anda a pé através do planeta para não
emitir carbono, e se transformou na santidade máxima de todas as cruzadas
ambientalistas atuais – uma fraude em escala mundial que é bajulada por chefes
de Estado assustados, presidentes de multinacionais trilionárias e 100% das
celebridades existentes sobre a face da Terra, de Jane Fonda a Michelle Obama.
Pergunte, já que se falou de gente graúda, ao presidente da França, à rainha da
Noruega ou a algum sumo sacerdote de Oxford ou de Harvard. Todos podem dar uma
resposta mais ou menos assim: “Cada saca de soja colhida no Brasil representa
100 árvores destruídas na Amazônia” – ou 1.000, ou quantas lhes der na telha.
É um desses
disparates absolutos que as pessoas ouvem o tempo todo em nossos dias – uma
agressão grosseira à matemática, à geologia, ao resto do conhecimento
científico da humanidade e ao mero bom senso comum. No entanto, vá o sujeito
tentar demonstrar, com base em evidências físicas, que uma saca de soja não
equivale à derrubada de árvore nenhuma na Amazônia. Se tiver sorte ouvirá
apenas que é um agente, talvez pago, do agronegócio, da indústria de “tóxicos”
ou do capitalismo no campo – um pecado só permitido para as propriedades
agrícolas e pecuárias do Primeiro Mundo. Na pior das hipóteses pode se ver
transformado em réu por crime de lesa-ambiente.
Estamos de
volta, aí, à Idade Média plena, quando o conhecimento era condenado como pecado
mortal. Fatos eram proibidos. As Gretas, Michelles e Janes da época tinham
certeza de que, se um cidadão passasse na sua frente numa encruzilhada e não
fizesse sombra, então não tinha jeito – era lobisomem. O que temos hoje, em
toda essa questão, não é ciência. É vodu ambiental. É curioso observar uma onda
de ignorância tão maciça quanto a que reina hoje nas sociedades mais
instruídas, mais ricas e mais civilizadas do mundo quando falam de
“ambientalismo”. Essa gente ouve Beethoven, assiste a Molière e ganha prêmios
Nobel, mas acredita em qualquer coisa que lhe dizem sobre a “destruição” da
Amazônica. É um fenômeno da nossa época: o avanço da ignorância induzida,
fabricada sob medida e altamente financiada, para obter resultados materiais
que não têm nada a ver com a conservação da “floresta” em estado virgem.
Os fatos, e
nada mais, provam a completa irrelevância da Amazônia para a agropecuária
brasileira. Pouco mais de 2% de todo o bioma Amazônia é ocupado por algum tipo
de lavoura, incluindo as temporárias – o pé de mandioca que o infeliz planta
aqui e ali para não morrer de fome, se a senhorita Greta dá licença. Das
530.000 propriedades agrícolas locais, menos de 4% são classificadas como
“grandes” – ou seja, capazes de produzir a soja ou o milho que deixam o
Primeiro Mundo horrorizado. Não dá para enganar, quando se trata desses números
– é o que sai nas fotos dos satélites.
O problema
é outro – totalmente outro. Ele não tem nada a ver com a Amazônia, e sim com o
resto do Brasil, do Rio Grande do Sul ao norte de Mato Grosso, que está
produzindo 240 milhões de toneladas de grãos na safra deste ano, a maior de
todos os tempos. Apenas 10 anos atrás, o total foi de 135 milhões de toneladas
– e é impossível um país aumentar em quase 80% a sua produção em tão pouco
tempo, tornando-se o maior produtor agrícola do mundo ao lado do Estados
Unidos, sem incomodar ninguém. Em 2020, aliás, a safra deve continuar subindo.
Você pode
acreditar que isso é só mania de “conspiração”. Também pode acreditar em
lobisomem.
